Meu relato de parto I – Miguel

Meu relato de parto I – Miguel

Muitas amigas me pedem para escrever sobre os partos que tive, principalmente sobre o parto recente do Rafael. Porém, para chegar à história do meu segundo parto, é extremamente necessário detalhar o primeiro: o parto do meu primogênito Miguel.

Então, vamos lá! Como mãe de primeira viagem, tudo foi muito novo, lia bastante sobre partos e tinha uma visão ainda superficial sobre cada tipo de parto. A única coisa que eu sabia que queria era tentar um parto normal. Decisão que já foi de estranhamento na família, pois a maioria dos partos recentes tinham sido via cesárea. Acho que só tinha como me apoiar nas minhas avós como exemplo (e na época delas não havia muita opção ou possibilidades de escolhas de como queriam parir).

Para começar, me matriculei em um programa de gestantes. Como atleta, sempre foi crucial manter algum tipo de exercício na rotina com a intenção de chegar ao momento mais importante bem saudável! Comecei a preparação com 20 semanas de gestação. Atividades como alongamento e hidroginástica fizeram parte da minha rotina até o final. Nesse programa, tive acesso a diversas informações sobre partos, amamentação, cuidados com bebê, etc. O foco era na minha preparação e do Miguel.

Durante as 39 semanas tive de responder a todas as perguntas e afirmações famosas que normalmente são feitas a quem decide por um parto normal: “Você vai aguentar esperar?”, “Parto normal é anormal!”, “O bebê vai te rasgar quando passar!”, “Não é melhor escolher uma data?”, “O que seu marido acha dessa loucura?”, “Quando ele nasce?”, “Esperar demais pode trazer complicações!”. Essas foram as que lembrei agora, mas foram infinitas frases. Como mãe de primeira viagem, perdia meu tempo respondendo até os desconhecidos que me faziam essas perguntas (isso muda no relato do segundo parto!). O fato é que como sou teimosa, a cada pergunta feita, o parto normal tornava-se um desafio ainda maior. Queria me superar sendo aquela que tinha enfrentado todos os “monstros” (na época que Miguel nasceu, a discussão sobre partos ainda não estava tão comum).

Quando cheguei na 39a semana, a família já estava super ansiosa. Minha mãe me ligava toda hora (acho que nem ela percebia o tanto que me ligava! Hahaha). E eu, calmamente, dizia a todos que Miguel chegaria na hora que decidisse. Até esse momento, estava tudo traçado na minha cabeça. Um plano desenhado minuciosamente após milhares de informações absorvidas. Tinha decidido por um parto normal, com analgesia, já sabia o hospital, já tinha decidido pela episiotomia, sobre como queria amamentá-lo, qual roupa vesti-lo. Bom! Quase tudo saiu da maneira que planejei (Engana-se quem acha que não é possível planejar um parto normal/natural/natural humanizado. Ele é mais planejado do que uma cesárea!).

Com 39 semanas e 2 dias, comecei a sentir uma leve cólica às 4h da manhã. Meu marido ainda perguntou se eu queria que ele ficasse em casa, mas preferi que ele fosse trabalhar, pois já esperava que a evolução até o trabalho de parto ativo demoraria um pouco. Ao longo do dia, as contrações aumentavam e fiquei em contato com meu médico. Até chegar a um intervalo de 5 minutos em 5 minutos, o plano era ficar em casa, arrumar todos os últimos detalhes e aproveitar para descansar. E foi assim. Já à noite, por volta das 20h, comecei a sentir mais dor. Tomei um banho quente (tinha me esquecido que poderia acelerar as contrações!) e me deitei. Doce ilusão de que conseguiria dormir! Quando o relógio marcou umas 22h, a dor era intensa e a minha vontade era só que tudo que estivesse sentindo passasse logo. Estava entrando no mundo da partolândia: dores, contrações a cada 4 minutos, vontade de desistir de tudo que havia planejado…Então, fomos para o hospital. No auge da minha fortaleza (como me arrependo de não querer incomodar as pessoas quando mais preciso), cheguei ao hospital jurando que demorariam ainda horas e horas para o Miguel nascer. Em um primeiro momento, não liguei para o meu médico. ?Preferi? ser atendida pelo obstetra de plantão (minha sanidade já havia me abandonado nessa hora), fazer o toque, e só depois avisar meu médico!

O plantonista, após fazer o toque, perguntou: “Cadê o seu médico?”. Eu calmamente respondi: “Deve estar em casa. Não liguei para ele ainda por agora”. O médico: “Então, por favor, liguem. Você está com quase 6cm de dilatação e seu filho vai nascer nas próximas horas”. Nessa hora, foi um misto de alivío, medo da dor mais intensa que estava por vir, ansiedade para ver a carinha do Miguel e mais um monte de sentimentos misturados.

Vinte minutos depois da ligação, o médico chegou, meus pais chegaram e subimos ao centro obstétrico. To esse percurso dentro do hospital foi feito numa cadeira de rodas (confesso que foi um dos pontos que não gostei. Queria ter chegado bem e andando…). A dor na região lombar era horrível. Parecia uma parede sendo quebrada com uma picareta! Não aguentei. Pedi mesmo a analgesia. Eu tremia de dor, de adrenalina, não tinha o controle das minhas pernas. Como faria na hora do parto? Depois que o remédio fez efeito, voltei a ter cor, a ter opinião, a ter controle de mim.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Como dizem, de fato a analgesia mascara as dores do parto e é muito mais difícil sentir a evolução e perceber os sinais que o bebê te manda. Tudo é feito com ajuda do médico, enfermeiras. No meu caso, até a pediatra entrou na roda. Madrugada, ninguém no hospital e só eu, “a louca do parto normal”. Como a analgesia funciona de uma maneira em cada organismo, não sabia o que esperar. No meu caso, ela mascarou muito as dores e sinais do meu trabalho de parto. Eu não sabia quando fazer força, não senti meu filho na hora crucial do expulsivo e, por isso, demorou alguns minutos a mais para ele nascer. Eu não sabia a que horas tinha que fazer o que tinha planejado tanto.

Com a ajuda, Miguel nasceu – lindo, forte, saudável (notas 10 nas duas avaliações) – mamou na primeira hora e tudo deu certo. O médico fez uma episiotomia (eu autorizei) e tudo ficou bem. Tive anemia no fim da gestação, por isso, fiquei bem fraca após o parto. Desmaiei, que eu me lembre, umas três vezes já no quarto do hospital. Contudo, o importante é que deu tudo certo! Consegui atingir meu objetivo. Naquele momento, nasceu uma mãe!

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Nascia ali uma mulher disposta a fazer tudo que fosse o melhor para o filho. Nasceu uma mulher que se entregou àquele novo plano de vida: o de fazer um novo ser mega feliz!

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Com o nascimento do Miguel, nasceu uma nova Andrea, nasceu um novo casal, nasceu uma nova rotina, nasceu este site…Nasceram uma infinidade de coisas boas que só melhoram até hoje. Mas, mesmo com tudo dando certo, com um parto tranquilo, toda a informação ainda não era suficiente. Ainda tinham coisas para descobrir. E isso, vocês vão ver no relato do meu segundo parto, sobre o nascimento do Rafael. Aguardem!

=)

Andrea Lopes

Jornalista, especializada em comunicação digital. Mãe do Miguel, nascido em janeiro de 2013 e do Rafael, nascido em outubro de 2014. Apaixonada pelo mundo materno-infantil.

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  1. Bianca Amorim

    4 de março de 2015 at 15:42

    Louca para o segundo relato!!! Não demore!!

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