Amamentação: nem sempre é como o comercial

Amamentação: nem sempre é como o comercial

Olá Mamães na Rede! Eu me chamo Bianca, sou psicóloga, coach e há 10 meses assumi meu novo papel de vida: ser mãe do Davi!

Meu primeiro post será para falar da minha experiência pessoal com a amamentação do meu filhote. Mas, antes, um aviso: este é um relato sobre o lado B da maternidade. Não sabe o que é o lado B? É aquele sobre do qual ninguém avisa a gente. Aquele que você acha que só acontece com você!

Enquanto eu estava grávida, minha única preocupação com relação a esse assunto era se eu teria ou não leite para dar de mamar ao Davi. Preocupava-me bastante até porque o histórico familiar não era muito favorável. Minha mãe não teve leite para me amamentar, mas ao longo da gestação, percebi que era bobagem pensar nisso, afinal a capacidade de amamentar não é hereditária.

Outra questão que sempre me deixava em dúvida quanto a ter leite ou não era o fato dos meus seios quase não terem crescido ao longo da gestação, mas li e estudei que uma coisa não tem relação alguma com a outra. Na amamentação, vale a máxima (ou a mínima) de que tamanho não é documento!

Então, resumindo, passei a gestação inteira “encucada” quanto a não ter o leitinho do Davi e que isso poderia atrapalhar meus planos de “mamãe”. 39 semanas depois, com o nascimento do meu primogênito foi que eu descobri que para amamentar, não basta ter leite. Muitas outras variáveis permeiam o mundo da amamentação, só para citar algumas: mamilos rachados (na maioria das vezes pelo fato do bebê não estar fazendo a pega correta); seios doloridos; seios ingurgitados; mães que fizeram redução de mama ou têm as mamas reduzidas e o bebê não consegue fazer a pega; baixa produção de leite; mamilos planos ou invertidos e por aí vai!

Então, deixa eu contar o que aconteceu na minha realidade materna. Logo que Davi nasceu ele só queria dormir, nada mais normal para um recém-nascido, por isso, ele mamou bem pouco no início da maternidade; além disso, fui pouquíssima orientada. Devido o parto dele ter sido uma cesárea, o leite demorou um pouco para descer, mas desceu após 3 dias e eu fiquei super feliz porque finalmente minha neura teria sido respondida. Já em casa, ele mantinha esse padrão de dormir muito e eu tive de passar a acordá-lo a cada 3 horas para coloca-lo no peito, mas com o sono que ele tinha, ele mamava um pouquinho e logo dormia. Eu tirava a roupinha dele, mexia no pé e no rostinho, mas ele persistia com a soneca. No 5º dia da vida dele, fui à pediatra ver se ele tinha melhorado de uma icterícia (quando o bebê fica amarelinho e precisa tomar banho de luz) e foi aí que comecei a perceber que não bastava eu ter o leite, porque ele não só não estava recuperando o peso, como também continuava perdendo. Nesta primeira consulta, já me foi aconselhada a complementação e foi aí que meu mundo caiu! Comecei a me questionar: Como assim dar mamadeira para meu filho?

Mas eu tenho leite, isso não é suficiente para conseguir a tão recomendada amamentação exclusiva até o 6º mês? Comecei a perceber que amamentar era algo mais complexo do que eu imaginava. Saí de lá convicta de que não daria mamadeira para meu filho, ficaria o dia inteiro com ele no peito se preciso, mas jamais daria leite artificial! Procurei um banco de leite que, infelizmente, não estava preparado adequadamente para me ajudar, então, fui atrás da minha nutricionista, que também é consultora de amamentação, para me ajudar nesta dura tarefa. Fui orientada com relação às posições para amamentar e a pega ideal e continuei com a amamentação exclusiva e em livre demanda! Após 5 dias, voltamos à pediatra esperançosos, mas ele não tinha engordado e ainda tinha perdido alguns gramas.

Foto: Dreamstime
Foto: Dreamstime

Bom, diante disso, parei de brigar com o meu sonho de amamentação exclusiva no seio e passei a complementar todas as mamadas. Mas aí o foco da preocupação mudou. Agora, a missão era fazer de tudo para ele não largar o peito. Comecei usando mamadeira com o bico de fluxo mais difícil, que é o que mais se assemelha com o fluxo do seio. Depois, descobri a sonda de relactação, que é uma sonda que você coloca dentro do leite artificial e dá para o bebê junto com o seio, então, quando o bebê mama o seio, ele puxa o leite artificial também, desta forma ele continua estimulando a mama e toma o complemento. Também usei uma bombinha elétrica para ordenhar o leite, pois assim complementava as mamadas com meu próprio leite, mas aí descobri que eu também estava longe de ser uma “vaca leiteira”, porque passava horas para tirar 60ml de leite e isso só dava complemento para uma mamada.

Meu último recurso para a amamentação dar certo foi recorrer a medicamentos que não são para esta finalidade, mas que produzem como efeito colateral o aumento da produção de leite.

Chegou o fim do primeiro mês, voltamos para a consulta de rotina e finalmente Davi tinha engordado e quase atingido o peso ideal para o mês! Então, a pediatra orientou que já podia ir tirando o complemento! UFA! Que felicidade que a mãe aqui ficou! E este poderia ser o fim da história, mas como a amamentação nem sempre é linda como o comercial do Ministério da Saúde, este não é bem o fim da história. Experimenta diminuir o complemento de um bebê acostumado a recebê-lo para ver o que ocorre. Já adianto: berreiro e gritaria! Não tirei bruscamente, primeiro tentei diminuir a quantidade de cada mamadeira, mas ao fim, o resultado era choro intenso.

Tentei também deixar de dar alguma mamadeira, mas logo depois ele começava a chorar também. Depois de algum tempo tentando tirar o complemento, parei e me perguntei: para quê mesmo que eu quero tirar o complemento? Ele mama no peito, depois mama o leite artificial e está com um bom ganho de peso, porque estou me desgastando com isso? Hoje, já sei as respostas para meus questionamentos: porque idealizamos muito a amamentação; não nos preparamos para todas as adversidades que poderemos enfrentar; sofremos uma pressão da sociedade muito grande para a amamentação exclusiva até os 6 meses e quando algo foge disso, achamos que fracassamos.

Eu entendo perfeitamente a importância das campanhas de amamentação, apoio e se tivesse sido possível, teria seguido à risca a amamentação exclusiva até o 6º mês. Entretanto, somos todas diferentes e cada bebê é único, o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Logo, é importante saber que as adversidades às vezes aparecem e que as diversidades sempre acontecem. É preciso persistência para conseguir amamentar e se, por acaso, seu filho não tiver tendo o ganho de peso necessário somente com a amamentação, o complemento não é um bicho de sete cabeças e é possível manter a amamentação com a complementação se você se cercar de alguns cuidados.

E assim persisti com meu pequeno Davi até 5 meses e exatos 20 dias, quando ele “decidiu” que não precisava mais do meu leitinho e naturalmente desmamou!

Ficam as dicas então:
Em primeiro lugar, seja persistente!
Segundo, procure auxílio de profissionais competentes, além de pediatras, você pode ir aos bancos de leite ou contratar uma consultora de amamentação. Se mesmo assim precisar complementar, então busque as alternativas já citadas aqui e outras para que seu filho não largue o peito de uma hora pra outra.
E por último, siga seus instintos maternos e pare de se preocupar com o que a sociedade acha que é certo, o importante é que seu filho seja alimentado e cresça saudavelmente!

Até a próxima postagem, mamães! Ah, se quiserem saber de algum detalhe específico, perguntem e comentem. Vai ser um prazer ajudá-las!

 

Bianca

Psicóloga, especializada em coaching e mãe do Davi que nasceu em outubro de 2012.

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  1. Andrea

    27 de agosto de 2013 at 23:17

    Otimo texto Bianca! Parabéns! Sucesso com o site! Beijos meu e da Valentina!

  2. Klayse Toshimi Passos

    27 de agosto de 2013 at 23:34

    Olá Bianca!
    Minha história com minha filhota foi muitíssimo parecida. A gente idealiza mesmo, fantasia, teima, insiste, se desgasta e se decepciona. Mas aprende muito também. É definitivamente, uma experiência única!
    Adorei o texto!

  3. Renata Gomes

    28 de agosto de 2013 at 19:58

    Realmente a gente acha q vai ser tudo perfeito tal como idealimos e na maioria das vezes algo sai dos planos. Nunca estamos prontos pra lidar com as intercorrencias. Muito bom ouvir a sua história!

  4. Aline Pamplona

    29 de agosto de 2013 at 0:47

    Ola Bianca!!! Esse seu relato ajudara muitas mamaes! Bjos!!!

  5. Barbara Cunha

    29 de agosto de 2013 at 23:58

    Parabéns pelo blog! O texto retrata a realidade. Aconteceu o mesmo com a Flavia. Precisou uma icterícia para ela voltar com o Daniel para o hospital e ter aulas de amamentação. Acho um crime deixarem as mamaes sairem com seus bebes do hospital despreparadas para amamentar seus.filhos.Infelizmente a enfermagem dos bebês é muito fraca na sua maioria.

  6. Bianca Amorim

    2 de setembro de 2013 at 23:09

    Muito obrigada pelo retorno pessoal! Em breve outros textos que com certeza vocês irão se identificar! Bjos

  7. fabiola

    4 de setembro de 2013 at 2:47

    minha historia tbm foi quase igual e meu filho tbm se chama davi
    todos estipulam mt q tem q amamentar mais talvez se tivesse sido alertada sobre coisas q podem acontecer q isto é normal ai nao ficasse tao desesperada qto fiquei
    achei mt interessante teu texto adorei vou procurar sempre p ler mt obrigada…

    • Bianca

      4 de setembro de 2013 at 19:01

      Pois é Fabiola, infelizmente nunca estamos 100% preparada para o que estar por vir, mas ler estes relatos já ajuda a enfrentar o que está por vir! Continue acompanhando o Mamãe na Rede!

      Abraços!

  8. Ana Terra

    4 de setembro de 2013 at 8:02

    Olá Bianca,
    Aconteceu algo bem parecido comigo… No momento estava em Salvador (onde meu filho nasceu) e recebi um grande suporte de uma clínica de consultoria em amamentação. Confesso que só aceitei complementar meu filho pela translactação (sondinha) após ouvir esta profissional, senti que ela sim sabia o que estava falando, diferente de mil pediatras que tinha percorrido até então. Esta profissional trabalha de uma forma bem interessante que é no pré parto, prepara a gestante para a realidade da amamentação, informa, ensina.. muito legal, enfim consegui manter meu filho na amamentação exclusiva até os 6 mês, apenas complementei por 20 dias no primeiro mês. Fiquei tão encantada com o universo da amamentação que desde então venho estudando e me especializando na área. Sou Fisioterapeuta especialista em uroginecologia e agora venho me preparando para ser uma consultora em amamentação. Desejo auxiliar mães como eu, que apenas precisou de informação, tranquilidade e apoio para não desistir desta sublime missão. Bjos

    • Bianca

      4 de setembro de 2013 at 18:57

      Ana, olha que coincidência, estou morando em Salvador no momento!!! E que bom que vc conseguiu tirar desta tua experiência, coisas boas, como um novo direcionamento de carreira! Sucesso!

  9. Lívia

    4 de setembro de 2013 at 10:24

    Comigo aconteceu algo muitíssimo parecido. Por duas vezes fui ao pediatra e a minha filha não tinha engordado o suficiente e eu tive que complementar. Só após do complemento (com muito choro meu) é que as coisas melhoraram e eu, insistindo muito, ainda consigo amamenta-la – ela já está com 5 meses. Considero uma vitória. Só que nesse caminho me senti mal, ainda mais quando dou mamadeira em público e as pessoas me olham atravessadas ou mesmo falam que eu não deveria dar leite em pó [tem muita gente intrometida e sem noção nesse mundo, não é mesmo?!). Hoje estou bem mais tranquila com relação a isso e percebo que não sou a única no mundo. O importante sempre é ver os nossos pequenos saudáveis e felizes. O resto não interessa. Obrigada pelo relato.

    • Bianca

      4 de setembro de 2013 at 19:00

      Lívia, se concentra em alimentar seu filho, o resto é resto! Realmente gente para dar pitaco é o que não falta neste mundo! O que importa é o que vc e seu pediatra entenderam o ser o melhor para sua filha! E espero realmente que você consiga manter a amamentação pelo tempo que sua filhota lhe demandar!
      Abraços!

  10. Cleide

    1 de novembro de 2013 at 14:53

    Estou vivendo isso há dois meses. O meu filho é prematuro, então a pressão é maior ainda. Sou psicóloga também e trabalho pelo Sus com adolescentes gestantes e as oriento sobre a amamentação, e não as julgo caso elas não consigam amamentar seus filhos. Eu também sonhava com a amamentação exclusiva, porém nada é como desejamos, e se não foi, não tem o porquê de me desesperar. Somos diferentes e temos que saber o que é melhor para nossos filhos (instinto materno; maternagem). No início me sentia culpada, mas hoje ao ver meu príncipe crescendo saudável e ganhando peso, pra mim é isso que importa. Ele está no complemento desde que estava na utineonatal e ainda mama no peito, mas meu leite não é o suficiente para a fome dele, é um bezerrinho, rs. E como você disse no seu título, não é como nos comerciais, a realidade é bem mais dura e se não tivermos o apoio familiar, a tendência é ficarmos cada vez mais frágil. Nossos bebês precisam das mamães felizes, saudáveis e com muito amor e disposição.

    • Andrea Lopes

      1 de novembro de 2013 at 15:33

      Muito lindo seu depoimento, Cleide. Obrigada por compartilhar. Ontem, escrevi sobre esse sentimento de culpa em um post, você viu? É isso aí que você falou: nossos bebês precisam de mamães felizes acima de tudo! Um abraço. Andrea

    • Bianca Amorim

      1 de novembro de 2013 at 16:05

      Muito bom seu depoimento Cleide! E importante para que as pessoas entendam que nem sempre a amamentação complementar ocorre por falta de informação da mãe. Claro, isso existe também. Mas também mamães que entendem do assunto, como você que até orienta sobre o assunto, nem sempre consegue a amamentação exclusiva! Obrigada por compartilhar conosco! Saúde para seu filho!
      Abraços

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